
Biblioteca
Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol
Antologia poética
Nunca serão bastantes os poemas que enchem a alma de quem estima deveras a Poesia, qual bela arte que brota do interior do Homem. Esta é apenas uma antologia ao dispor de todos aqueles que queiram dela tirar proveito(s).
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Recordo-me de descobrir que num poema era preciso que cada palavra fosse necessária, as palavras não podiam ser decorativas, não podiam servir só para ganhar tempo até ao fim do decassílabo, as palavras tinham que estar ali porque eram absolutamente indispensáveis.
Sophia de Mello Breyner Andresen
APOLO: na mitologia grega, deus das Artes, entre as quais a Música e a Poesia
Os poetas
Alexandre O’Neill
Almada Negreiros
Almeida Garrett
António Aleixo
António Gedeão
António Nobre
António Ramos Rosa
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Queiroz
Cecília Meireles
Daniel Filipe
David António
Eugénio de Andrade
Fernanda de Castro
Fernando Guedes
Fernando Pessoa
Florbela Espanca
Graça Alves
Gonçalves Dias
Herberto Helder
João de Deus
José-Alberto Marques
José Luís Peixoto
Leif Kristiansson
Kahlil Gibran
Luís Amaro
Luís de Camões
Manuel Bandeira
Manuel da Fonseca
Manuela Machado
Marcos Leal
Maria Encarnação Baptista
Matilde Rosa Araújo
Mia Couto
Miguel Torga
Natália Correia
Ondjaki
Sebastião da Gama
Sophia de Mello Breyner Andresen
Rui Cinatti
Ruy Belo
Teófilo Braga
Vergílio Ferreira
Yves Moor







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Alexandre O'Neill
Amigo
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

A meu favor
A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

Alexandre O'Neill
Almada Negreiros

Esperança
Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu fi-lo perfeitamente,
Para diante de tudo foi bom
bom de verdade
bem feito de sonho
podia segui-lo como realidade
Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu sei-o de cor.
Até reparo que tenho só esperança
nada mais do que esperança
pura esperança
esperança verdadeira
que engana
e promete
e só promete.
Esperança:
pobre mãe louca
que quer pôr o filho morto de pé?
Esperança
único que eu tenho
não me deixes sem nada
promete
engana
engano que seja
engana
não me deixes sozinho
esperança.