top of page

Ninguém será escritor se não começou por ser leitor. José Saramago

PUBLICAÇÕES 2019-20

Cauan Quini, aluno da nossa Escola, inscrito no Curso Profissional Técnico de Desporto - 10.º ano, escreveu o poema "Bom Natal!", que coloca em jovial harmonia o português europeu com a variedade brasileira, também conhecida como português do Brasil. O vídeo contém a declamação do poema em estilo "Rap". 

Bom Natal!

 
24 dias de espera…
12 meses de bom comportamento…
Tudo para um nascimento,
E muitas prendas!
Uma árvore muito especial
Numa casa de Pão de Especiarias!
Na janela esperam
As minhas sapatilhas!
Uma noite de partilha!
De amor! De prazer!
Quando esta noite cai,
Já sem nenhum som,
Em direção à sala
Para ver o Pai Natal!
Eu oiço três sons ...
Quando eu abro a porta…
Ninguém! Somente
Uma carta!
Eu abro, e está escrito:
Um prazer, duas palavras, três sons!
Que tudo isto explica
A Magia do Natal…
Bom-Natal!

 

Cauan Quini, CPTD1 - 10.º ano em 2019-20 (aluno oriundo do estrangeiro)

Agora que sei

 

Ao fundo de uma rua estreita e comprida, que nunca conheceu o sol, vários momentos são passados num velho bar, que tenta fazer os possíveis para passar despercebido. Não é lugar de muito movimento, tem os seus clientes habituais, mas raramente passa disso. A sua ornamentação não é extasiante: defronte do velho balcão estão as mesas perfeitamente enquadradas que, no seu conjunto, fazem um retângulo; as casas de banho de louça velha, pouco reluzente, ficam à direita da entrada; o chão é feito de azulejos simples com cores nada inspiradoras; e por trás do barman, umas prateleiras que não parecem conseguir suportar o peso que é imposto pelas inúmeras bebidas.

Estamos no ano de mil novecentos e noventa e nove. Um jovem chamado Henrique, arquiteto, que faz de tudo para alcançar a meta há muito ansiada, devido à sua insaciável ambição, dá por si à procura do lugar onde o seu cliente tinha combinado o encontro. Após subir escadas, descer escadas, entrar em diversas ruas, olhar para os nomes das mesmas e mesmo assim não conseguir orientar-se, rendido pelo cansaço, decide pedir ajuda a um senhor de cabelos brancos, apanhado pelo inverno da sua já longa vida, que, sentado numa reentrância da rua, apreciava o espetáculo há algum tempo. Mal lhe descreveu o lugar, o idoso já sabia de que sítio o Henrique falava. Bastou seguir as indicações, enquanto memorizava algumas das histórias partilhadas neste encontro improvável, e lá estava a rua estreita antes falada. A sombra que os prédios circundantes ofereciam para ele foi um alívio, pois a sua aventura para encontrá-la tinha sido demasiado extenuante. Ao chegar a sua vista deambulou pelo lugar e lá encontrou o tão desejado ponto de encontro. Entrou e viu um homem sentado na última mesa, a contar da porta para o fundo do bar; aparentava ter os seus sessenta anos; tinha uma grande barba que lhe assentava na perfeição e um estilo deveras impressionante. A sua presença ofuscava tudo o que o rodeava. O porquê da escolha deste bar para o encontro ecoava na cabeça de Henrique.

Sendo o homem a única pessoa no bar, sem contar com o barman, o jovem arquiteto apresentou-se e de seguida sentou-se. O homem chamava-se Sinel. Era um emigrante cheio de dinheiro que queria fazer a maior casa alguma vez vista. Para Henrique era a concretização de um sonho, pois sabia que provavelmente iria ser o projeto da sua vida. Depois de uma longa conversa, Sinel demonstrava ser um homem muito meticuloso, com ideias fixas e concretas. Devido à dimensão do projeto, ficou combinado encontrarem-se uma vez por dia para tratarem de tudo ao pormenor.

O trabalho era extenuante e absorvente. Henrique passava horas a trabalhar, e por isso chegava sempre tarde a casa; o tempo para os seus filhos era pouco e, para a sua mulher, inexistente. A vinda deste projeto para a sua carreira profissional era o tónico que sempre faltou, mas Henrique sabia que a sua vida pessoal deixaria pura e simplesmente de existir.

O tempo foi passando e a cada dia uma reunião era feita; discutiam sobre o tamanho das paredes, a largura das lajes, os materiais, os pilares, mas uma coisa era certa, dali tinha de sair um trabalho de grandeza inimaginável, de perfeição, harmonia e beleza. Sinel a cada dia que passava trazia mais exigências, mais pormenores e o tempo transformou-se num grande inimigo. Henrique chegava a casa e passava a noite a trabalhar para conseguir ir ao encontro das suas demandas. As discussões com a sua mulher aumentavam. A mínima coisa, pensava Henrique, despoletava uma briga que acabava sempre na mesma conclusão: “Estás sempre a trabalhar, nunca passas tempo connosco.”

Henrique foi ignorando até que a bolha rebentou. Num dia chuvoso e tempestuoso chegou a casa, e na mesa da sala estava uma carta, uma carta de despedida. Após várias tentativas a sua mulher perdeu a esperança e decidiu abandoná-lo com os seus filhos. O perder a esperança para o ser humano, sabia Henrique, é perder tudo, mas, depois de tanto, tinha de alcançar o objetivo, aquele que ele pensava ser o “maior”… se calhar era a sua única esperança: acabar a “casa”.

Para quebrar a rotina, desta vez os dois homens pediram um whiskey. Passados dez anos desde o primeiro encontro, o fim ainda não se avistava. Sinel além de ser o seu colega de trabalho, também já era seu amigo e Henrique, além de ir ao bar para trabalhar, também ia para ter companhia, pois em casa estava sujeito à solidão absoluta. Antes, a sensação de estar acompanhado ajudava-o a não divagar para pensamentos que não interessavam, mas agora a “casa” esmagava-o.

A conversa com Sinel era o único momento de lucidez; falavam de tudo o que não fosse sobre o projeto, do que iriam fazer amanhã, de curiosidades supérfluas, de coisas absurdas. O copo nunca podia estar vazio, tudo o que ali caísse eles bebiam.

Decidem fazer um brinde, e, quando se dá o embate dos copos, eis que o inverosímil aconteceu. Henrique não ouviu o tão usual tilintar dos copos. Estranhou, pois a pancada tinha sido elegantemente forte, tão forte que o seu subconsciente despertou. Deu por si a olhar para um velho espelho. Estava na mesa sozinho.

 

 

                          Francisco Gonçalves, 12.ºA em 2019-20

BARingriotaCONTOfrancisco.jpg

Publicações no Suplemento Ponto e Vírgula

Laura Castanho ("A rapariga do vagão", conto publicado no N.º4 da V Série) e Marco Jardim ("A morte é igual a nada", poema publicado no N.º5 da V Série) são dois alunos com participação no suplemento do "Diário de Notícias" em 2020.  

PVn4_fev2020.jpg
PVn5_marco2020.jpg

O texto seguinte poderia ser um reconto. Mas a autora foi mais além com uma adaptação interessante ao nível das personagens… O conto original, como base deste texto, é de Maria Ondina Braga, com o mesmo título, na obra O Jantar Chinês e Outros Contos (Ed. Caminho, 2004).

O amendoim

Há muitas anos, no castelo da família real da antiga Prússia, havia um grande jardim com imenso espaço aproveitável. A rainha, que tanto gostava de jardinagem, achava importante que os seus filhos tivessem todas as competências possíveis e disse-lhes:

- Meus filhos, dado que vós adorais comer amendoim, podeis plantá-los comigo num cantinho do nosso imenso jardim!

Os príncipes e a princesa ficaram entusiasmados com a sugestão da mãe, daí terem ido depressa com os jardineiros reais para arranjar as sementes e todas as outras coisas de que precisavam. O príncipe mais velho cavou o solo, o mais novo pôs as sementes na terra e a  irmãzinha de ambos, a única princesa, regou-as com muita alegria.

Alguns meses mais tarde, fez-se a colheita. Nesse momento, a rainha sugeriu:

- Mais logo, pela noitinha, iremos preparar um jantar aqui no castelo, com o vosso pai, para provarmos todos juntos o amendoim fresco.

Os filhos aceitaram. A rainha pediu aos cozinheiros reais que fizessem as melhores receitas que soubessem com o amendoim e, como gostava tanto do seu jardim, ordenou aos decoradores para arranjarem um local para o evento.

Embora o tempo não fosse o melhor, o espaço ficou fantasticamente decorado, e o pai, o rei daquele grande território, apesar de estar sempre cheio de obrigações, não deixou de comparecer.  Sentou-se à cabeceira da mesa.

CastelodaAntigaPrussia.jpg
CONTOsofiaReiErainha.jpg
CONTOsofiaFilhoMaisNovo.jpg
CONTOsofiaPrincesa.jpg
CONTOsofiaFilhoMaisVelho.jpg

Muito interessado, ele perguntou aos seus filhos:

- De certeza que adorais o amendoim?

- Sim, muito! – responderam as crianças com entusiasmo.

- E qual a razão para considerar o amendoim um bom fruto?

- Tem gosto - respondeu o filho mais novo.

- Há imensas formas de prepará-lo - disse a princesa.

- Não é custoso cuidar dele e todos os nossos súbditos podem usufruir do seu agradável sabor - acrescentou o filho mais velho demonstrando as qualidades de futuro rei, que começavam já a aparecer.

Então o rei observou:

- Certamente, o amendoim serve para muita coisa, mas meritório é ele não ser como as outras árvores que temos no nosso reino, vaidosas, a expor com exuberância os seus frutos para serem admiradas. O amendoim mantém-se encoberto na terra até amadurecer. Só sabeis que está pronto para comer, quando tiverdes convicção, depois de o recolher da terra.

Os príncipes e a rainha acharam que o rei tinha razão.

- É nossa obrigação sermos sempre como o amendoim, sem que nos importemos com a estatura ou com a melhor aparência, mas tão somente com a nossa utilidade – afirmou o rei.

- Quer dizer que devemos ser úteis mais do que endinheirados e poderosos? - perguntou o menor dos príncipes.

- Sim, é o que eu espero de vós, meus filhos. Temos uma grande responsabilidade nas nossas mãos e, por isso, temos de ser úteis e conscientes de como podemos honrá-la - disse o pai, firme, mas com tom carinho.

Horas depois, ainda ativos, os príncipes e a princesa dialogaram sobre o que o seu pai havia dito na mesa enorme. O discurso do rei tinha deixado neles tão grande impressão, que sabiam nunca sair dos seus corações.

Sofia Vieira, 12.ºA em 2019-20 (aluna oriunda do estrangeiro)

O avô Lizardo

 

No verão de 2019, em casa da minha avó materna, recordo-me de um grande amigo, o meu avô, que sempre se sentava na parte lateral da porta com aquele sorriso que parecia antever o melhor dia de sempre…

Estava eu a falar com o meu avô, já ele sem uma perna, indo de um lado para o outro na cadeira de rodas como se fosse uma criança. Era educado comigo, sensível e sempre brincalhão, com um boné na cabeça, e a tocar a sua harmónica que deliciava todos os que passavam por ele no terreiro. Apesar de não ter andado muito na escola, o meu avô parecia ter toda a sabedoria do mundo.

Gostei muito de relembrar momentos incríveis com o meu avô, e logo contei à minha mãe. Ela ficou muito feliz por saber que o seu filho se lembrava tão bem do seu pai, o meu avô Lizardo.

 

Luís Emanuel Lobo, 9.ºA em 2019-20

LIZARDO.jpg

 

A mãe é muitas vezes um tema bastante válido para a escrita dos nossos alunos. É também um tema dominante na literatura portuguesa, sobretudo na poesia. Muitos poemas sobre a mãe são, de facto, de uma beleza admirável.

 

Antes do poema “A minha heroína”, publicamos aqui um pormenor interessante sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, pois neste ano letivo privilegiamos a escritora nalgumas publicações por ocasião do Centenário do seu nascimento.

Uma mãe rara…

Por um lado, fascinava-me, introduzia qualquer coisa de luminoso na vida. Por outro, sentia falta de ter uma mãe ‘de todos os dias’.

Maria Andresen de Sousa Tavares, filha da poetisa

LINDOdeAgustinaSobreSophiaDepoisDoPoemaD

Carta de Agustina Bessa-Luís à outra filha de Sophia de Mello Breyner Andresen

A minha heroína

 

A minha heroína

É uma pessoa muito especial.

Ela dá-me muito ânimo

Para seguir…

Ela é muito carinhosa!

Ela está sempre à disposição!

Ela ajuda! Ela dá força seja a quem for!...

Desde pequenina

Sou muito unida

À minha heroína.

Agora, mais ainda!

Alguns acontecimentos

Nos fortaleceram,

E assim melhoramos

O que havia de ser melhorado

Para sermos a versão plena de nós. 

Eu e ela temos uma ligação muito bonita!

Sempre nos apoiamos uma à outra.

A minha Mãe, a maior heroína do mundo:

Eu dou graças a Deus por isso!

Marialejandra Vieira, 10.ºA em 2019-20

(aluna oriunda do estrangeiro)

MATERNIDADEalmadaNegreiros.jpg

Obs. Com apenas três cores primárias, a pintura Maternidade, de 1935, que ilustra o poema da Marialejandra, é de Almada Negreiros. Pode ver-se na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. É em óleo sobre tela. Mensagem: A mãe e o filho reconfortam-se mutuamente.

MulherPinturaABSTRATA.jpg

 

Hoje és mulher,

Matriarca da minha alma!

Esculpida das melhores mãos!

Perco-me no escuro dos teus olhos

Para te encontrar…

Os teus beijos são doces como morangos frescos.

Com o teu sorriso pintas as brisas…

As tuas cicatrizes contam histórias…

O teu cabelo! Liso e forte, rebelde como nenhum outro!

A tua alegria alegra as almas!

És indescritível, mulher!

Arte abstrata sem se compreender…

 

Valeria Amanda Gonzalez, 10.ºA em 2019-20 (aluna oriunda do estrangeiro)

No âmbito da Oficina de Escrita PLNM sobre o texto dramático ou de representação, o texto seguinte funde duas variedades da nossa língua: o Português europeu com o Português do Brasil.

 

O Bando dos Três

 

 

Palco completamente vazio. Entra Bonitão a caminho da escola. Vai alegre e a passo normal.

Para a meio do palco e começa a olhar em direção a alguém que parece reconhecer. Subitamente, corre em frente. A luz apaga e reacende já quando os dois amigos, Bonitão e Ursinho, se reencontram na escola.

 

Bonitão (abraça Ursinho calorosamente) - Oi, Ursinho! Eu nem te tinha reconhecido!

Ursinho - Oi, mano! É, eu fiquei na escola… Estás em que turma?

Bonitão - No 10.º Beta, e tu?

Ursinho - Eu também!

Bonitão - Cara, vai ser da hora!

 

Os dois amigos saem juntos do palco. Com a luz apagada, colocam-se no palco três cadeiras com apoio para escrever. Quando se acende a luz, já Bonitão e Ursinho se encontram sentados a preparar-se para a aula.

 

Ursinho     - Bonitão, é aula de quê?

Bonitão     - De Matemática…

Ursinho     - De tanto escrever, achei que ‘távamos em Português.

Bonitão (aparte)   - Ha ha ha… desculpa, professora…

 

Ouve-se Linda a bater à porta sem ainda estar no palco. A professora não aparece fisicamente. Uma voz de fundo é que a presentifica.

 

Professora (voz de fundo) - Sim!

Linda (entra no palco, tendo ouvido a professora, e desculpa-se educadamente) - Desculpa o atraso, professora…

Professora - Como te chamas?

Linda - Linda, professora.

Professora - Senta com o Bonitão e com o Ursinho, se faz favor.

Olham-se os três, sentados nas cadeiras. Bonitão arranca uma folha do caderno de Ursinho, amassa-a e atira-a para Linda e ela faz o mesmo. Perdem-se depois em gargalhadas. Já de pé, no palco, movimentam-se como se estivessem fora da sala. Linda cruza-se com Bonitão e Ursinho, bate a palma da sua mão direita na palma da mão direita de Ursinho e abraça Bonitão. Entretanto, sentam-se todos nas cadeiras…

 

Ursinho – Estou com dor de barriga… parece que vou no banheiro…

 

De repente, a luz apaga-se e reacende de modo intermitente como se estivesse a faiscar… é quando entra a diretora em cena, marchando como um militar. Assim que ela passa diante do Bando dos Três, cada um deles lhe presta continência. A diretora bate com o pé direito no chão e fita-os a todos. Os três estremecem com um salto ligeiro.

 

Diretora - Bom dia, meninos.

Todos - Bom dia, senhora diretora!

Diretora (com rigidez) - Vocês sabem por que razão estão aqui comigo?

Linda - Para ver as nossas caras lindas!

Diretora - Eu gostava que fosse… mas não é isso.

Bonitão (fazendo-se desentendido) - Como assim, diretora?...

Diretora (profere a palavra significativamente de modo silabado e, de seguida, aumenta assaz o tom de voz) - Desde que vocês estão juntos, as vossas notas baixaram significativamente. Vocês têm de subir isso, meninos!

Bonitão - Sim, mas as aulas não são engraçadas…

Ursinho (com convicção) - E tem muita gente que consegue superar sem estudo!

Diretora (já com menos severidade) - Isso é uma exceção. As aulas não são feitas para brincar. E vocês o que vão fazer sem diploma?

Linda (sonhadora) - Nós vamos abrir uma boate e seremos os patrões!

Ursinho (com bastante entusiasmo) - Eu seria o guarda, o Bonitão, o barman e tu, Linda, a DJ !

Bonitão (em grande) - Da hora! E vamos chamá-la “B d 3”!

Diretora (a gritar) - Quietos! Vocês ficam à tarde esta quarta!

Ursinho (com sinceridade, apesar de alguma ironia) - Calma! A senhora vai ter um AVC assim…

Diretora (indiferente à fala anterior, ordena, furiosa e cansada, a saída dos três amigos) - Todos para fora do meu escritório!

Todos (despedem-se cada um à sua vez) - Tchau!... Sim… Até logo! Nós te amamos!

Diretora (a pensar em voz alta) - Oxalá esses meninos tenham mais juízo...

Bonitão (em tom de firmeza) - Não fala de Papai Oxalá em tudo o que diz!

Ursinho (já fora da sala) – Cala a boca, rapaz! Ela já deixou a gente sair!

 

Cawan Quini, CPTD 1 – 10.º ano, em 2019-20 (aluno oriundo do estrangeiro) 

PALCOvazio.jpg

© 2023 por Pré-escola Pequeninos, Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page