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Ninguém será escritor se não começou por ser leitor. José Saramago

PUBLICAÇÕES 2020-21

BEM-VINDOS À ESCOLA!

(A NOVIDADE, A VIDA, O SONHO, A POESIA)

 

 

Outra margem

 

E com um búzio nos olhos claros

Vinham do cais, da outra margem

Vinham do campo e da cidade

Qual a canção? Qual a viagem?

 

Vinham p'ra escola. Que desejavam?

De face suja, iluminada?

Traziam sonhos e pesadelos.

Eram a noite e a madrugada.

 

Vinham sozinhos com o seu destino.

Ali chegavam. Ali estavam.

Eram já velhos? Eram meninos?

Vinham p'ra escola. O que esperavam?

 

Vinham de longe. Vinham sozinhos.

Lá da planície. Lá da cidade.

Das casas pobres. Dos bairros tristes.

Vinham p'ra escola: a novidade

 

E com uma estrela na mão direita

E olhos grandes e voz macia

Ali chegavam para aprender

O sonho a vida a poesia

 

Vinham de longe. Vinham sozinhos.

Lá da planície. Lá da cidade.

Ali chegavam para aprender

O sonho a vida a poesia

Maria Rosa Colaço

 

 

 

 

 

 

 

A leitura nas nossas vidas

 

Atualmente não é muito comum encontrar pessoas a ler livros só pelo prazer de lê-los. Com o desenvolvimento tecnológico apareceram novas formas de passar o tempo, pelo que as novas gerações trocaram os livros pelos telemóveis.

Pessoalmente, acho que a leitura é uma das melhores atividades que podem ser feitas, e não me refiro a ler um livro ou um jornal através do ecrã do telemóvel ou do computador. Os livros desfrutam-se de forma mais profunda, quando sentimos as folhas à medida que se lê. Há uma certa magia nos livros que é simplesmente inexplicável, que nos transporta para um mundo de possibilidades que só as mentes mais criativas são capazes de imaginar.

Recomendo a leitura só quando realmente se quer ler. Há muitas pessoas no mundo e é impossível que todas gostem de ler. Assim, não se deve obrigar a leitura a ninguém, isso só resultará numa aversão irreversível. Contudo, os livros não são as únicas formas de leitura existentes. Os jornais e as revistas também são importantes e cumprem o seu papel na vida das pessoas.

A leitura é fundamental na vida das pessoas; ajuda ao desenvolvimento da imaginação das crianças; faz com que os leitores estejam abertos a novos horizontes…

Na minha opinião, todas as pessoas, nalgum momento da sua vida, deveriam ter pelo menos uma experiência de leitura. Existem estilos diferentes na escrita para todos os gostos. Graças à diversidade de temas é possível que, pelo menos uma vez, encontremos o livro perfeito para ler, aquele com o qual nos identificaremos de algum modo.

A leitura é uma parte de mim, do que eu sou, e tenho a certeza de que todos temos amor, por mais subtil que seja, pela leitura!

 

Angie Arenas, 12.ºB em 2020-21

 

 

Foto de Angie Arenas, 12.ºB em 2020-21

 

 

Reportagem: UMA OPORTUNIDADE

 

 

2020 não tem apenas obstáculos. Tem oportunidades para os alunos estrangeiros da Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol, todos de nacionalidade venezuelana. Falamos com alguns deles.

DIANA FERNANDES

 

Neste momento da minha vida, vou vivendo um dia de cada vez, aproveitando todas as oportunidades que vêm até mim como a possibilidade de estudar com uma gestão flexível do currículo.

Marialejandra, 19 anos

A Marialejandra expressou o seu agradecimiento por tudo aquilo que a Ilha da Madeira lhe tem ofrecido ao permitir-lhe ter uma vida com melhores condições. Contou-nos as suas razões de mudança, referindo-se  ao seu estado atual de saúde e ao modo como as suas oportunidades foram aproveitadas, tendo-a beneficiado.

Tenho a oportunidade de viver num país livre com melhores condições ao nível dos estudos e do emprego.

Alejandra, 17 anos

A Alejandra sente-se privilegiada com a oportunidade que tem de equacionar já as várias opções laborais em Portugal. Disse-nos querer trabalhar muito as suas capacidades académicas e desenvolver um melhor controlo sobre as suas ações a um nível pessoal. O seu objetivo atual é ter motivação para o cumprimento rigoroso dos seus deveres escolares, a fim de decidir no futuro a sua profissão de sonho e exercê-la.

Acho que todos temos pelo menos uma oportunidade na nossa vida. Na maioria das vezes, não a vemos ou não nos apercebemos dela... porque estamos tão absortos nos nossos problemas. (…) A realização desta oportunidade será possível, se eu der tudo de mim, para me sentir digna de a merecer.

Angie, 17 anos

A Angie é “Sonhadora”; tem metas concretas para a sua vida ao nível pessoal e profissional. A oportunidade de estudar em Portugal pode levá-la a ser médica dentista, acredita. Falou-nos de vir a ter a oportunidade de aprender a tocar piano e também do facto de na sociedade atual as oportunidades de ser feliz, oferecidas diariamente, serem desaproveitadas muitas vezes devido às preocupações pessoais. Para ela, a grande oportunidade, depois do contributo de todas as outras, é SER FELIZ!

Atualmente, tenho a oportunidade de estudar num pais seguro, que pode levar-me a uma boa universidade na cidade do Porto.

Carlos, 16 anos

O Carlos, o nosso último entrevistado na escola, considera que a oportunidade de ingressar na universidade dos seus sonhos dependerá primordialmente das suas classificações académicas a alcançar com muito esforço.

Boas oportunidades!

Diana Fernandes, 10.ºB 2m 2020-21 

 

QUEREMOS NATAL!

O Natal de 2021 quer ser vivido apesar da pandemia! Este vídeo que ora publicamos vem dar visibilidade à língua e à cultura dos nossos alunos oriundos do estrangeiro, inscritos no Projeto Língua, Identidade e Sociedade (LIS), que apelam à vivência desta quadra tão significativa para a Humanidade, com respeito máximo pelas medidas implementadas para a segurança de todos os cidadãos no que respeita à saúde pública.

 

 

 

Desejo de Ano Novo

 

Extraído de: Diário, Sebastião da Gama

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Publicações de alunos da EBS da Ponta do Sol no Suplemento Ponto e Vírgula

                   N.º 2 da VI Série                                                                                               N.º 3 da VI Série

                  N.º 4 da VI Série                                                                                                N.º 5 da VI Série

                  N.º 6 da VI Série                                                                                                     N.º7 da VI Série

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Antes. Durante. Depois.

Antes da pandemia, estava tão acostumada a viver a minha vida com absoluta normalidade que, quando começou esta nova situação, foi difícil assimilar que coisas simples como ir ao supermercado era perigoso. Mesmo assim, se alguém me pedisse que apontasse um aspeto positivo da situação que estou a viver, eu diria que a pandemia ensinou-me a apreciar a vida na sua forma mais simples. Agora até o mínimo contacto com os meus amigos e familiares é apreciado como nunca antes. “Nunca damos valor ao que temos senão quando perdemos.” Esta frase nunca teve tanto significado como agora; estava tão acostumada a um estilo de vida que, quando me foi tirado, não soube como reagir. Na minha opinião, a pandemia está a ensinar-me a importância de viver cada momento como se fosse o último, a apreciar a companhia de seres queridos e, sobretudo, a importância de viver sem arrependimentos.

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Durante a pandemia, comecei a descobrir partes de mim que não sabia que existiam. Tenho aprendido muitas coisas novas, mas sempre a desejar de voltar à normalidade. Encontrei formas de manter o contacto com os meus entes queridos e aprendi diversas ocupações na seguridade da minha casa. Ainda assim, sinto que a pandemia não me tem originado o mesmo nível de ansiedade como em muitas outras pessoas.

Mudou drasticamente a minha forma de pensar e de viver. Hoje em dia, o simples facto de voltar à escola representa uma mudança na rotina que tinha estabelecido durante meses, pelo que estou muito agradecida, especialmente porque sinto que estou a recuperar a minha vida pouco a pouco.

Depois desta pandemia, espero que a dependência das tecnologias diminua, só assim voltarei a sentir-me à vontade e em contacto com o mundo. Todas as novas regras e adaptações que começamos a implementar, desde utilizar desinfetante e máscara até ao recolher obrigatório, irão desaparecer, mas a vida não vai voltar a ser igual. Quando esta situação acabar, quero continuar a apreciar os pequenos momentos que fazem a minha vida melhor.

No futuro, eu quero começar a viver a minha vida como sempre a quis viver, sem pandemias que me restrinjam, com liberdade, sem preocupações e, sobretudo, sem situações de stresse contínuo. Quando a pandemia acabar, espero ter-me tornado uma nova e melhor pessoa!

Angie Arenas, 12.ºB em 2020-21

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Mais do que um vírus

A vida antes da pandemia era muito diferente. Os momentos difíceis eram produto de outros fatores e usava-se o contacto humano entre familiares e amigos para o conforto emocional. Eles estavam ali, os nossos avós, tios e primos. Viajavam desde muito longe para jantar connosco e trocar impressões, abraços e carinhos. No passado, era possível conhecer o mundo, desfrutar e conhecer diferentes culturas. Os sítios turísticos encontravam-se sempre cheios de pessoas. Épocas como o Natal e a Páscoa não se podiam festejar sem a presença dos que amávamos, e, na altura do trabalho e estudo contínuos, a incerteza e a adrenalina de um novo dia, com as pessoas que nos faziam felizes, eram o suficiente para ter a motivação de seguir em frente.

Na atualidade, vivemos de maneira diferente; os nossos hábitos e pensamentos mudaram, já não vemos nada da mesma maneira. O mundo inteiro viu-se e vê-se hoje em dia afetado pelas consequências que o vírus trouxe consigo. Não contamos com a presença física de muitos que lutaram pela sua vida, nem com a nossa própria liberdade. No nosso dia-a-dia, encontramo-nos com o dever de proteger-nos e de proteger o próximo incontáveis vezes. Desde o momento que ouvimos falar do distanciamento social, não se veem anúncios de jogos nos centros comerciais, mas sim alertas, não se veem casais a passear de mãos dadas, mas sim à procura de um trabalho que não se veja afetado pela pandemia.

É esta a nossa realidade? Sim. Situações de extrema pobreza, causada pela crise económica que atravessa a sociedade e o desenvolvimento de doenças mentais, consequência do confinamento e da solidão que ainda são factos atuais. No entanto, nem tudo foi sofrimento. De alguma maneira, conhecemo-nos melhor, desenvolvemos novas atitudes e praticamos novos hábitos que ficarão para a vida toda.

No futuro, teremos a oportunidade de contar anedotas que relatarão a nossa experiência de ter feito parte de um acontecimento histórico que provocou mudanças radicais para o mundo onde ainda estaremos a viver. Seremos nós, de novo, sem restrições nem solidão. A tranquilidade voltará a ser parte da nossa vida e estaremos de novo com as pessoas especiais para nós. Pessoalmente, espero que o vírus, que nos tem prejudicado por tanto tempo, não seja finalmente um problema gravíssimo, para assim viver com a liberdade e com o conforto que me fazem plenamente feliz.

Diana Fernandes, 10.ºB em 2020-21

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Terminamos as publicações de 2020-21 com uma nota de esperança:

 

Quem avança
Guarda o amor
Guarda a esperança
Sem favor
Ainda

 

Pedro Ayres de Magalhães

 

 

 

Momento musical: "Ainda", Madredeus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

AINDA

 

Vou dizendo
Certas coisas
Vou sabendo
Certas outras
São verdades
Amizades
Aventuras
Quem alcança
Mora longe
Da mudança
Do seu nome
Alegria
Vã tristeza
Fantasia
Incerteza
São verdades
São procuras
Amizades
Aventuras
Quem avança
Guarda o amor
Guarda a esperança
Sem favor
Ainda
Ainda
Ainda
Ainda

 

Pedro Ayres Magalhães

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