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Caro leitor!

Esta página online da biblioteca da Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol pode ser, caso queiras, um importante complemento ao gosto que já possuis pela leitura. A sabedoria popular, bem o sabes, declara: O que é por gosto regala a vida!

Aqui vais encontrar novos livros para ler. Alguma sugestão irá decerto ao encontro da tua sede.

 

Aqui podes partilhar as tuas impressões sobre as leituras que tens feito; podes partilhar igualmente a certeza de que o ato de ler contribui assaz para a criatividade na expressão escrita, permitindo a publicação de pelo menos um dos teus escritos que mereça a pena ser lido. Não raras vezes o leitor se torna escritor, autor! A decisão é tua! Um bom escritor terá sido, sem dúvida, um bom leitor. Há algo melhor que a aprazível leitura para motivar a Escrita criativa, e quiçá literária?

Muitos dizem que os livros são viagens a tantos lugares do mundo sem que os leitores saiam do lugar onde se encontram. Também dizem que os livros lhes trazem o mundo, sempre que, de algum modo, estiverem a formar o seu saber.

É, de facto, inegável a eficácia da leitura na construção de sentidos que motivam o ser em plenitude! Então, caro leitor, é importante saberes o que cada livro te pode oferecer com a sua máxima singularidade.

Alguma vez entraste numa livraria?

Não percas tempo!

Boa(s) leitura(s)!

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Sugestões

Almoço de Domingo, José Luís Peixoto

A razão desta escolha? Algo que enobrece a cultura portuguesa, pois o homem de 90 anos, que olha para o seu passado e faz um balanço de vida a partir de episódios significativos da sua história pessoal, que em muitos aspetos tocam a do próprio país, é, indubitavelmente, o Comendador Rui Nabeiro: cidadão de indiscutível mérito profissional e de qualidades humanas; por outras palavras, uma referência para toda a sociedade atual. Não admira, por isso, em março de 2022, a Universidade de Coimbra ter atribuído o Doutoramento Honoris Causa (a mais elevada distinção em homenagem pública atribuída por uma universidade portuguesa) ao fundador da Delta Cafés.

Adiante. Em Almoço de Domingo, Nabeiro é uma pessoa subentendida na leitura do texto, pelo percurso que segue, pelo império que cria, pela geografia e pela família em que se insere, a partir das quais tudo parte, porque o seu sobrenome nunca aparece no texto. Para José Luís Peixoto, não era interessante a ideia de escrever uma biografia, por ser um texto completamente diferente do romance, e então fez a Rui Nabeiro uma contraproposta: escrever um romance a partir da sua vida.  O Comendador nasceu numa família humilde, começou a trabalhar cedo a ajudar o pai e os tios na torra do café, e acabou por construir um império familiar que envolve negócios de café, azeite e vinho.

Almoço de Domingo está estruturado em três partes. Cada uma delas é um dia e esses dias estão no futuro, embora no livro sejam o presente. São os dias 26, 27 e 28 de março de 2021. Em cada um destes dias, existe o tempo em que a personagem tem 89 anos e é escrito com base naquilo que é a sua vida, uma vida ativa e com uma agenda intensíssima.

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O João e a Andorinha Sábia, Ilda Gonçalves

 

Ilda Gonçalves exerce atualmente funções docentes na nossa Escola. Leciona a disciplina de Português. É autora do livro O João e a Andorinha Sábia, editado pela Chiado. Integra a Coleção “Literatura Juvenil” daquela editora. Este livro de Ilda Gonçalves tem 48 páginas, cuja história funde as características do conto e da fábula. Todo o público leitor o pode ler, sobretudo o que se encontra na faixa etária infantojuvenil. O João e a Andorinha Sábia consta do acervo da nossa biblioteca escolar.

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O João e a Andorinha Sábia, Ilda Gonçalves

Está já disponível para os leitores interessados a segunda edição! Segue-se uma leitura possível, pelo professor Luís Lobo:

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O João e a Andorinha Sábia, Ilda Gonçalves

Várias passagens do livro deleitam o leitor pelos valores que transmitem. O primeiro valor, a liberdade, faz de João, ainda menino, um ser humano capaz de se sentir bem em harmonia com a Natureza, da qual ele próprio é um elemento a ser contemplado também! Depois, o tempo maravilhoso da infância. Aquele menino, com fracos recursos económicos, confinado à pequenez do seu meio rural, irá surpreender admiravelmente com o seu conhecimento abundante sobre o meio onde vive. O conhecimento que dão os livros? Esse é que lhe faltava inteiramente…

A história transporta de imediato o leitor para a amizade mais bela: dois amigos diferentes até no saber… ela, uma andorinha que conhece o mundo pelo voo do conhecimento, ele, uma criança que não gosta de ler, apesar da sua assombrosa curiosidade nas conversas longas de entusiasmo entre ambos. Na história, João recorda um poderoso ensinamento do seu avó: agradecer sempre as coisas boas como a amizade a crescer oportunamente depois de conhecer novos amigos.

João, pouco depois de iniciada a história deste livro,  representa todas as crianças que mais cedo ou mais tarde acolhem alegremente o apelo feito à construção do saber, paulatinamente tornado conhecimento. Desde muito cedo, na escola primária, Asa Negra sobrevoa a piscar-lhe o olho, pois sabe que há determinados voos que permitem conhecer o mundo.

Este conto está bem conectado com a realidade hodierna, pois a presença das novas tecnologias na história incomodam positivamente; fazem-se notar pela importância que têm na busca do conhecimento pela leitura na Internet e pela escrita de conhecimentos divulgados nos blogues, entre outros escritos que mereçam a pena.

Mas é sobretudo a majestosa Natureza que confere a este conto, de Ilda Gonçalves, a grande mensagem ecológica que transmite: há que cuidar dela, do meio ambiente… desta nossa Casa… dos seus Campos às suas Cidades!

Enfim, O João e a Andorinha Sábia, um livro em que o campo é conotado como um espaço maravilhoso sem poluição ao contrário da cidade onde já não vemos límpidas as estrelas no céu poluído. A autora abre as portas ao leitor ativo e, portanto, capaz de se questionar sobre o que ficou por dizer sobre o menino. Como professora de Português, decerto, deixou aberta a narrativa como estímulo à escrita criativa de continuidade da história. E porque não?

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Sophia de Mello Breyner Andresen

Recordar Sophia no Centenário do

seu nascimento: 1999-2019

 

Sugestão de leitura: Contos Exemplares

 

Esta obra de Sophia de Mello Breyner Andresen é um conjunto de contos, publicado em 1962. O livro é dedicado ao marido, Francisco Sousa Tavares: Para o Francisco que me ensinou a coragem e a luta do combate desigual (dedicatória).

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Contos neste livro:

  • O Jantar do Bispo - História de um bispo a desesperadamente tentar arranjar a sua igreja.

  • A viagem - Uma história abstrata da viagem de um casal num mundo onde tudo desaparece.

  • Retrato de Mónica - Uma descrição da clássica mulher de vida organizada: "Mónica", neste caso. Inspirado em Cecília Supico Pinto.

  • Praia - Descrição de um clube de praia onde a única preocupação era o presente e nada mais.

  • Homero - História de búzio, um sem abrigo que vivia com as ondas da praia.

  • O Homem - Uma rapariga reencontra um homem e não o reconhece.

  • Os Três Reis do Oriente - A história de como cada um dos reis magos percebeu o chamamento da estrela.

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O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago

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Como sempre, fascinante, denso, com incursões inesperadas a propósito de tudo e de nada, desde expressões da nossa linguagem do dia-a-dia, até deambulações sobre a vida, a morte, o ser, o existir, o sonho… sobretudo nos encontros de Ricardo Reis com Fernando Pessoa.

Em finais de dezembro de 1935, Ricardo Reis chega de barco a Lisboa, vindo do Brasil onde esteve dezasseis anos a viver. É o reencontro com a sua cidade, ficando alojado no Hotel Bragança na Rua do Alecrim, não sabendo ainda por quanto tempo lá vai ficar. Sem planos definidos, Ricardo Reis é uma personagem solitária que vai observando e apreendendo a realidade da cidade, do país e do mundo, sem se envolver diretamente, antes colocando-se de fora.

No entanto, o cemitério dos Prazeres onde está sepultado Fernando Pessoa falecido em 30 de novembro de 1935, é o primeiro local que Ricardo Reis visita mal chega a Lisboa. No primeiro dia do ano de 1936, quando a euforia do novo ano é vivida lá fora e Ricardo Reis já se recolheu ao seu quarto no hotel Bragança, Fernando Pessoa (ou o seu fantasma) visita-o pela primeira vez e avisa-o de que só poderão ter mais oito meses para se encontrarem.

O “Senhor Doutor Reis” sendo alguém que se instala durante algum tempo no hotel sem ocupação nem ligações familiares ou sociais conhecidas, é observado não só pelo gerente e pelo empregado do hotel, mas também pela polícia política que quer saber as motivações daquele estranho doutor Ricardo Reis que regressou a Portugal vindo do Brasil. As notícias que lê todos os dias nos jornais para se pôr a par do que se passa no mundo e em Portugal pintam um retrato idílico de um país em que o salazarismo começa a fazer o seu caminho.

Lisboa, a cidade de Pessoa, a cidade onde Ricardo Reis veio para morrer, é uma cidade cinzenta e triste em que a chuva cai impiedosa. O Carnaval também é molhado e sem graça. No Verão, o calor é sufocante. A condizer com o ambiente de suspeição e desconfiança do Estado Novo, a cidade é mesquinha, coscuvilheira, intromete-se na vida dos outros. Seja primeiro no hotel Bragança, ou mais tarde quando Ricardo Reis aluga um andar na Rua de Santa Catarina, as vizinhas espreitam, conjeturam, mexericam, imiscuem-se. Felizmente para Ricardo Reis, daquele segundo andar há uma vista deslumbrante para o Tejo.

Como é apanágio de Saramago, as suas heroínas são sempre mulheres fortes e decididas. Lídia, empregada no hotel onde Ricardo Reis vai viver os primeiros tempos após a sua chegada a Lisboa, é senhora de si, apaixona-se pelo doutor Ricardo Reis mesmo sabendo das diferenças sociais que a impedem de poder ter uma vida social sem ambiguidades com aquele com quem se relaciona sexualmente. Marcenda, a jovem hóspede do hotel que todos os meses vem com o pai para uma consulta médica, encontra em Ricardo Reis uma pessoa mais velha que a trata como uma adulta e não como uma criança a quem se escondem verdades dolorosas…

 

 

Almerinda Bento (texto com supressões)

 

Lídia na poesia de Fernando Pessoa…

Nos poemas de Ricardo Reis, as figuras femininas perdem os contornos corpóreos e as variações de caráter, transformando-se em “presenças quase metafísicas”.

Lídia é a figura feminina mais vezes convocada por Ricardo Reis, heterónimo de Pessoa. Ela é, sobretudo, uma companheira de viagem, uma presença silente e silenciada que ouve, sem responder e sem agir, os conselhos sapientes de uma voz masculina dominadora.

 

 

 

Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros
Onde que quer que estejamos.

Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros
Onde quer que moremos, tudo é alheio
Nem fala língua nossa.
Façamos de nós mesmos o retiro
Onde esconder-nos, tímidos do insulto
Do tumulto do mundo.
Que quer o amor mais que não ser dos outros?
Como um segredo dito nos mistérios,
Seja sacro por nosso.

 

                                                                                  Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa
 

 

A peste, Albert Camus

O ano de 2021 está a ser ainda bastante marcado pela pandemia que continua a assolar o mundo. Uma outra sugestão da nossa parte é A peste, de Albert Camus, porque nos parece um livro muito a propósito.

 

 

 

 

Ao ler o livro A peste, de Albert Camus, tive a oportunidade de refletir sobre a atualidade que vivemos: a pandemia Covid-19.

Ao longo da leitura, pude fazer uma comparação perfeita entre estas duas “pestes” e chegar à conclusão de que em qualquer das situações não estivemos preparados para o pior e para tomar de imediato as medidas de forma adequada para o benefício da sociedade.

Uma outra semelhança entre as duas leituras, a do livro e a da realidade atual, foi a forma repentina de como a “peste” surgiu no nosso quotidiano. Achei impressionante o facto de o livro retratar uma realidade que se está repetindo na História, como por exemplo as medidas preventivas que foram impostas pelas autoridades competentes, o desespero sufocante da população e a necessidade do confinamento. 

Na ação da história, como hoje, foi necessário o “exílio” em casa sem poder estar à espera da ajuda dos vizinhos, com medo ou com desespero, ou por precaução contra o perigo de contágio.

Como no livro, depois de tomar conhecimento da gravidade da situação, a população afetada tomou mais consciência e começou a criticar as medidas tomadas, considerando-as insuficientes, o que se verificou depois em todo o mundo.

Curiosamente, A peste também fala de um facto lamentável vivido na atualidade: os funerais vigiados, cujos rituais eram abreviados no local e muitos foram sepultados conjuntamente. Muitas vítimas também foram cremadas.

Uma ideia muito positiva que retiro desta leitura é a entrega incondicional do médico Bernard Rieux com o objetivo de encontrar o mais rapidamente possível a cura, tal como hoje em dia acontece com todos aqueles que sacrificam grande parte do seu dia-a-dia para tentar combater a pandemia, com toda a sua força. 

Por fim, a peste, que durou dez meses, foi vencida. A população ficou extremamente feliz ao ponto de dançar nas praças, circular mais nas ruas; os sinos voltavam a tocar e as orações eram de ação de graças; os cafés e os cinemas voltavam a encher. Espero que na atualidade a população mundial possa retomar a sua liberdade e comemorar a vitória sobre esta pandemia cruel.

 

Luís Emanuel Lobo, 10.ºC em 2019-20

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A peste, de Albert Camus

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